segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Conversas

Gostava de ter conversa
Horas e horas a fio
Um olá, eu sei é pouco
Para quem procura. O quê ?
A maioria nem sabe
Procura…

Gostava de ter conversa
Daquela, fiada
Mas sou como sou
E mais nada
Conversa eu gosto
Olhos nos olhos

Gostava de ter conversa
Igual a molhos
De espigas doiradas
Mas ao vento ficam espalhadas
De conversa eu gosto
Daquelas que ficam na memória guardadas.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Nuvens expeças no reino da fantasia.


As nuvens de tão expeças
No reino do devaneio
Rogam não te esqueças
Antes do fim tem meio

O meio de dizer
O meio de querer
O meio de fazer
E a malta entreter

O primórdio do (urdo)
Até está bem esgalhado
Cá p`ra mim é ocre o fardo
Apontado ao alheio
Com um refrão bicudo
E um rosário sem conta
Tantas peças desmonta
No reino da fantasia
Se terminar algum dia
Aí pode ser tarde
Pois a cubata vazia
Nem saberá porque arde.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Ó senhor administrador

Senhor administrador
Responda a uma questão
Desta vez por favor
Use alguma afinação

Se uma carta aos usuários
Aqui não pode entrar
O que vai fazer aos fadários
De cartas de amor a chorar

E as crónicas que vai fazer
A sua isenta postura
Eu sou lenta a entender
Arre porra que fartura

Ó senhor administrador
Diga lá se faz favor
Se está a fazer favor
Ao deixar a malta escrever

É que sou de vista curta
Até preciso de óculos
Não percebo a batuta
Muito menos de binóculos

Quem se rege por paixão
Logo cai ali adiante
É preciso isenção
Sem tino meliante

Ora trate de apagar
Os botões aqui ao lado
Mande as crónicas pastar
E as cartas a seu lado

Ou então atire fora
A vista que é tão turva
Esses ares de mestre escola
São parra e pouca uva.

poetamaldito

Tramóia no fuso da badalaçºao

Era uma vez uma vizinha
Não gostava da rainha
Um dia deu-lhe com os pés
Quase a derrubou do estamine

Mas  faltou o quase

A vizinha não contou
Com a eleição apressada
E a rainha malvada
Tratou de se vingar
Sabem do que estou a falar
Do bendito apagão
Motivo de badalação
No reino da fantasia
Afinal ninguém previa
Este desfecho maléfico
Ó felix deves estar perplexo
Que passado tanto tempo
O teu caso veio a lume
Tanto mexeram no estrume
Que agora é indevido
Publicar triste gemido
Que não seja a rimar

Mas para grande azar
A helena não é de Tróia
A conceição ao trancar
 Cá p`ra mim só foi tramóia.

poetamaldito

Ou o (Pai) vai se zangar

Vou convidar a minha irmã
Para me fazer companhia
Num cházinho de hortelã
Em rimas de poesia

Mas primeiro uma informação
Maninha toma cautela
Um IP sem direcção
Ou então vais p`rá barrela

Que é o que acontece
Aqui na capalinha
Quem esvoaça não merece
Pódio de rainha

Maninha vem comigo
Brincar ao versejar
As duas coçamos o (embigo)
Não há nada que enganar

Só não mostres a cara
Porque isso não é bem visto
Usa uma máscara e a farra
Vais ver, parece o circo

Ficam todos aos saltos
E as rimas a rimar
Maninha veste uns farrapos
Ou o pai vai se zangar.


poetamaldito



domingo, 4 de dezembro de 2011

Ó pai do ( Luso )

Ó pai desnaturado
Estás nas catacumbas trancado
Ou será enfastiado
Roga por nós pecadores
Poetas e maus actores
Acode, afasta este fardo

Mas apressa-te

Que o caldo está entornado
Eras um rapaz simpático
De porte altaneiro
Mas as frangas do capoeiro
Fizeram-te cabelos brancos
Agora por entre solavancos
Esvai-se a farinha do moinho
Ai pai, cada vez mais sozinho
Acode, faz lá essa fineza
Deixa-te de moleza
A poesia salta na rua
Na rua da amargura
Pai, olha a triste figura
Deste poeta estouvado
Não sabe ficar calado
Arre porra grita ele
Calado, antes capado
Ó pai afasta o pecado
Da casa da minha vizinha
Coitadinha, coitadinha
O castigo lhe foi imposto
Ó pai para meu desgosto
Riram as frangas aos saltos
E agora poetas nefastos
Só falam em injustiça
E tu aí com preguiça
Enquanto o circo pega fogo
Ó pai se queres que rogue eu rogo
Sai aí do teu cantinho
Traz a paz num cestinho
A este antro de maledicência
Porque o poeta sem paciência
Pega nas rimas na eito
E pai tu sabes não tem jeito
Nada o faz calar
Justiça é a sua bitola
Um peso e uma medida
Não é preciso ir à escola
Para ser gente na vida.



quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O mesmo

O mesmo do mesmo
O mesmo de sempre
O mesmo desmente
Ou consente o mesmo

Meta fisicamente andamos
Mesmíssima mente falamos
Gritamos, reivindicamos
O mesmo
Do mesmo

Mas os asnos estão surdos
O mesmo torna-nos mudos
O mesmo
De um país em falência
Paupérrima dependência
Do mesmo.

O trabalho de erguer
De surpreender
Singular feição de
Irrigar e correr com os burros
Onde está no mesmo
Do mesmo
Prós mesmos de sempre.

O mesmo marasmo de números vincados
No mesmo de eras, no mesmo as feras
E o povo a mesma fome que consome
Corrói as andanças destrói as lembranças
O mesmo que medra na merda vincado.


segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Reencarnação do consagrado.


O morto saiu à rua
Ai Jesus que confusão
Ó meu qual é a tua
Volta lá para o alçapão

Logo se levantaram vozes
Correram a dizer olá
Credo cruzes, estranhas nozes
Que caíram do cabaz

Afinal o que era
Depressa deixou de ser
Era maneira singela
Da poesia enaltecer

A ideia até foi boa
Muitos ficaram visíveis
Agora como a meloa
Tudo tem tempo credível

Desfeita a confusão
Com os mortos que são poetas
Suas obras aí estão
Cheias de rimas excertas

Os mestres de outros tempos
Muito tem que ensinar
Regalem-se com os filamentos
Dos poemas de encantar

Mas tomem atenção
Não comam gato por lebre
Consagrados é certidão
De respeito que se deve.

poetamaldito




sábado, 29 de outubro de 2011

Altares

Içar altares de pedra evasiva
No cimo colocar pedra categórica
Pedir aos deuses a bênção e a dádiva
De o altar não desmoronar, caótica

É a prece sem eco e pelos vistos
Tudo cai da noite para o dia
Uma onda em maré vazia
Chega sempre sem avisar
Eu estou para aqui a pensar
Altares são acomodações da mente
Nada leva a palma e tudo era diferente
Se os  pés estivessem assentes no chão

Que se ergam altares e tronos
Os homens precisam de distracção
Que se ergam sonhos ao alto
Tendo sempre em conta o percalço
De que altares se estatelam no asfalto
Travando na boca o amargo
Da cegueira sem retenção.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Refilando

Refila, sim refila
Diz da tua caganeira
Refila de qualquer maneira
Corre e entra na fila
Refila mesmo asneira

No país das maravilhas
Era só o que falecia
Refilar sem entrelinhas
O jeito que isto faria

Porque não criar uma linha
Cada um que a utilize
Pode dizer mal da vizinha
E falar de politiquice

Mas, o poeta indolente
Quer mais senhor prior
Não basta gritar somente
O grito atrai calor

E pensou, pensou
Se pensou melhor o fez
A linha à merda mandou
E falou de uma só vez

Parem lá com o chifrim
Que ainda ficam roucos
Não basta respingar assim
Neste país de loucos

Refilar cedo se aprende
A mais pequena criancinha
Refila até surpreende
Com a conversa, é moínha

Moínha é afinal
O apagão que apaga
A memória o vendaval
Ai jesus mas que praga

O poeta jurou silêncio
No ano do vinte e um
Refilem, não me convenço
Mas está farto do jejum

Por isso o fuinha acordou
E agora é um ver se te havias
Toca a fazer burburinho
p`ra refilar aqui estou.



O caqueiro



O caqueiro espatifou-se
No chão desfez-se em bocados
O caldo por fim entornou-se
Restaram dez réis trocados

As velhas em algazarra
Remoeram de uma assentada
Logo instigaram a fanfarra
No tocar a debandada

Debando eu, debandas tu
A cada qual o seu quinhão
Abarcam as medidas em cruz
Arrolham olhos, satisfação

Ia alta a estação
Mas a sombra que saltou
Do caqueiro em aflição
Olhou em volta e gritou

Mais trocado menos trocado
Que diferença faz afinal
Isto está sossegado
Melhor assim que mais mal

Gritou o bento patudo
Com mania de saber
Antes morto que mudo
Tu estás a perceber

A sombra encolhidita
Encolheu os ombros marafada
Patudo mais vale mudo, acredita
Do que ser sombra finada
.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Pai nosso do Facebook

Pai nosso que estais ausente
Na mulher de mais de quarenta
Dá-lhe senhor o presente
De pensar, pensar igual a noventa

Santa bárbara bendita
Acode ao homem maduro
Diz-lhe que ao fazer fita
Parece gaiato imaturo

Ó minha virgem santíssima
Acode-me dá-me visão
Eu não entendo a lástima
De tanto choramigão

Ó senhor do Bonfim
Eu não entendo o sentido
Acode-me olha por mim
Estou farta do ruído

Que prolifera no Facebook
Tanto hino ao disparate
Ó meu pai lá das alturas
Acode antes que atraque

Esta vontade maluca
De deitar abaixo, que se lixe
Sou poeta proscrita
Bota abaixo, não sou fixe

Ó meu menino Jesus
Não te esqueças do pedido
Corre e tira o capuz
A tanto post empedernido

De caminho olha por mim
Faz com que não perca o tino
Sou chata é por ser assim
Que não engulo o pepino

Nossa senhora das dores
Roga por mim pecadora
Rogai pelos autores
De tanta bombagem impostora

De caminho ao diabo peço
A deus e a todos os anjos
Que afaste p`ra sempre o tareco
E ao facebook dê arranjo.

Amem.




 







sábado, 22 de outubro de 2011

E a chuva

Um bom dia p`ra todos
Deste cantinho ensolarado
O verão está de loucos
Não quer deixar o montado

Os sobreiros a carpir
Aliados às oliveiras
Gritam p´ra o tempo ouvir
Manda chuva, as primeiras

Mas o tempo que está surdo
De gritos não quer saber
Não responde está mudo
Parece que não vai chover

Isto está tudo trocado
É como dizia o Bandarra
Neste século enviesado
Nada escapa à desgarra

As maleitas que se achegam
A falta de chuva é sinal
Que até as nuvens enjeitam
O que vai em Portugal

O que vai em Portugal
Triste fado de uma nação
Tudo está tão mal
Que o tempo já nega o pão

Outrora nos embaraços
O povo em união
Aos céus elevava braços
Rezando na procissão

Mas são outras as gentes
Não vão mais em novenas
Será que restam pingentes
Mendigando por vintenas

Mendigando por vintavo
Que nada é afinal
Ó gente até é pecado
Suspeitar de Portugal


Ó povo que estás dormindo
Um dia acordarás
O tempo espera sofrido
Pois sabe o que serás

Se tardares em acordar
À sorte não deitares mão
Escapará o vislumbrar
Que faça a revolução

De mentes e incentivos
Grita a terra povo cego
Para continuarem vivos
Tem que abrir o rego

E fazer a sementeira
Até das mãos jorrar sangue
Enterrem lá a cegueira
E a chuva talvez se achegue.







sábado, 15 de outubro de 2011

Acredito

Acredito na terra
Não acredito na gente
Acredito no pó
De um país descrente
Acredito nos mortos
Naqueles que passam fome
Acredito nos filhos
De tantos pais sem nome

Acredito no povo
Na barriga vazia
Acredito na agonia
Que se aproxima de novo

Não acredito em políticos
Em gente de colarinho
Acredito no pergaminho
Que reza a nossa história
Levanta os ombros zé povinho
Será tua a vitória

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Grito

Grito desalmadamente, ninguém me ouve
Afogo-me num lago salgado, a salmoura é quinhão
De peito zangado
Grito
Arremesso à claridade ondas inúteis
Como inúteis são as convicções decretadas
Mas opostas…
Por acaso o dia não desperta
As marés não voltam
O mexilhão não bate na rocha
Por acaso não morrerei
Um dia
Ahah de que serve esta agonia
Esta gritaria
O dia
Esse corre apresado e já é meio-dia
Ahaha
Eu, estou rouca
De que me serviu tanta gritaria…

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Vamos rir

À beira mar plantado
Mais plantado que os outros
O tio Alberto emproado
Nada disso, não é roubo

Ao governo do continente
Não deve qualquer crédito
Como é inteligente
Encobriu com todo mérito

Meia dúzia de milhões
para ficar acautelado
Não fossem os gaviões
Apanhá-lo desprevenido

Com as calças em baixo
Só fica no Carnaval
É politico de um só tacho
Nada deve a Portugal

O continente que lixe
Mais o governo da nação
Até lhe chamam fixe
Quer lá saber da constituição

Neste reino das bananas
O jardim é quem ordena
Não sabes mamar não mamas
Canta o jardim na ordenha

Agora anda o coelho
E o portas de porta em porta
Levam as mãos à cabeça
O Alberto é um fedelho

Mas como pô-lo nos eixos
Neste país de confrades
Mesmo que lhe vão aos queixos
Jardim é eternidade

Durante décadas a fio
Foi  rindo do pagode
Trafulhices é o seu feito
Jardim é que dita e pode

Não dá tréguas ao continente
Que ao baixar-se logo mostra
O cu tremendo de medo
Afinal, quem é a bosta.

O jardim vá-se lá saber
Faz das suas sem castigo
Tanto político a gemer
Aqui há coisa sou eu que digo

Tanta conversa mansinha
Tanto rodeio sem sentido
Ai, minha santa mãezinha
O povo é que está fodido








Barrigas vazias

Merda o país está em cacos
Gritam as barrigas vazias
Merda para políticos e sacos
De promessas como enguias

Despertas aos bochechos do pesadelo
Que os mortos anunciaram em pleno dia
Saíram da tumba predisseram a razia
Mas ignoraste e agora são novelos

Ensanguentados pelas mãos do faz de conta
Será que não viste, ou viraste o olhar
Qual a razão para este deixa andar
Agora bradas aos céus mas a factura
Sai-te das vísceras tão grande é a cagada
Tantos os rombos de uma assentada
Tantos doutores metendo a mão ao saco
Tantos os pobres com a vida num farrapo

Ai Portugal, a tanga vais ter que empenhar
Lá se vai o sossego à beira mar
Gritam os mortos, afinal estiveram surdos
Gritam os vivos abaixo os gatunos

Ai Portugal vai ser grande o teu penar
Talvez ainda haja solução
Venham os homens da troika comandar
Joguem-se os políticos à tumba sem perdão.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Bom dia

Primeiro um espreitou
Logo o outro se espreguiçou
Não querendo ficar atrás
Mas um quanto incapaz
A minha mente ajudou

Saltei da cama zangada
A cabeça desguedelhada
Corri a olhar o espelho
Que me saiu um fedelho
Mostrou-me assombração
Lá fui eu em arrastão
Meter-me no chuveiro
Este que é matreiro
Desfez-se na minha mão

Não me restou mais nada
Dei uma enxaguada
Engoli uma torrada
E lá fui eu enfastiada

Apanhei o autocarro
Um velhote com catarro
Tossiu todo o percurso
Ai como me sinto urso
Neste corre-corre maluco
Era tão bom ser eunuco
Sem ter que fantasiar
Uma vida a escorregar
Na palma da minha mão

Pé-ante-pé percorro
Os degraus para o escritório
Será que chegou o demónio
Que me atazana o dia
Um baque, parece magia
Um olhar resignado
Olha e diz bom dia
Senhora dê-me um trocado

Foi um pontapé nas costas
Olhei o céu de mãos postas
Afinal do que me queixo
Tanta lamuria que deixo
No meu lesto caminhar
Há tanta gente a chorar
Pelo que não dou valor
Olhei o pobre com dor
Um sorriso me lançou
Muito obrigada estou
Por cruzar o meu caminho
Às vezes o sujo ninho
É fruto da cegueira
Esta vida é matreira
Até corre com mau jeito
Aprendi que a sementeira
É preciso levar a eito.


domingo, 18 de setembro de 2011

Vontade



Serei vendedor ambulante
Saltimbanco de eira em eira
Ao relento sob a esteira
Dormirei delirante

Sentirei que sou monarca
Altivez esganiçada
Não percebo sou fuinha
Mas me acho avantajada

Parece coisa sem nexo
Cada dia um pensar
Descuido olhar perplexo
E continuo a mendigar

De galho em galho saltando
De poleiro em poleiro
Assim vou enganando
Desfrutando o capoeiro

Não sabes do que trata a prosa
Vejo no teu olhar emproado
Ora, falo da gulosa
Vontade de ser notado.





sábado, 27 de agosto de 2011

A luz do dia

Agora que vejo a luz do dia após penosas trevas não perdem pela demora. Têm razão devia dizer entrem e façam como se estivessem em vossa casa, mas que querem não é do meu feitio.