segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Bom dia

Primeiro um espreitou
Logo o outro se espreguiçou
Não querendo ficar atrás
Mas um quanto incapaz
A minha mente ajudou

Saltei da cama zangada
A cabeça desguedelhada
Corri a olhar o espelho
Que me saiu um fedelho
Mostrou-me assombração
Lá fui eu em arrastão
Meter-me no chuveiro
Este que é matreiro
Desfez-se na minha mão

Não me restou mais nada
Dei uma enxaguada
Engoli uma torrada
E lá fui eu enfastiada

Apanhei o autocarro
Um velhote com catarro
Tossiu todo o percurso
Ai como me sinto urso
Neste corre-corre maluco
Era tão bom ser eunuco
Sem ter que fantasiar
Uma vida a escorregar
Na palma da minha mão

Pé-ante-pé percorro
Os degraus para o escritório
Será que chegou o demónio
Que me atazana o dia
Um baque, parece magia
Um olhar resignado
Olha e diz bom dia
Senhora dê-me um trocado

Foi um pontapé nas costas
Olhei o céu de mãos postas
Afinal do que me queixo
Tanta lamuria que deixo
No meu lesto caminhar
Há tanta gente a chorar
Pelo que não dou valor
Olhei o pobre com dor
Um sorriso me lançou
Muito obrigada estou
Por cruzar o meu caminho
Às vezes o sujo ninho
É fruto da cegueira
Esta vida é matreira
Até corre com mau jeito
Aprendi que a sementeira
É preciso levar a eito.


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