sábado, 9 de fevereiro de 2013

Fuinha



No diz, que diz a palavra
Se perde da utilidade
A de ser charrua que lavra
A terra da pura verdade

A terra da pura verdade
Quantos a querem esconder
Esquecendo que é da vontade
Que um dia se há-de erguer

Que um dia se há-de erguer
A enxada que abre buraco
Fazendo ermos mover
Com a terra cavada um naco

Com a terra cavada um naco
De bom senso, sabedoria
É tão fácil abrir espaço
Por entre falsa ventania

Por entre falsa ventania
Meio mundo se perde contudo
Esquecendo que o novo dia
Requer algum conteúdo

Requer algum  conteúdo
Nos passos que der de seguida
Nem sempre o poeta é sortudo
Escreve com pena erguida

Escreve com pena erguida
Na constatação do alarde
E as palavras de fugida
Se afogam p`ra sempre em vaidade.

Se afogam p`ra sempre em vaidade
Num lago de parcas águas
No fundo tem ansiedade
No meio algumas nódoas

No meio algumas nódoas
Que são de pó amarelo
Palavras nem sempre cómodas
Em versos fugindo ao belo

Em versos fugindo ao belo
A ladainha termina
Hoje estou como o Felisbelo
Sinto-me um tanto fuinha.

Sinto-me um tanto fuinha
Adeus até ao meu regresso
Na volta a ladainha
No rabo de fora de um verso.

Poeta maldito (pseudónimo de Antonia Ruivo.