terça-feira, 25 de novembro de 2014

Ao ajeitar a gravata… Décimas

(Mote)
Um lamento soou na terra
Num dia de tormenta,
´´Não são todos iguais`´ ele berra,
Ao ajeitar a gravata.

(I)
Antes disso era ver
O sururu na justiça
Vistos Gold são cobiça
Desconjurada no ser.
As mãos na massa meter
É coisa que não admira
Gente fina está na mira
Daquilo que não lhe pertence.
Pensando que assim convence
Um lamento soou na terra…

(II)
Ao sentir que nem tudo vira
O povo fica dormente…
Como pode lá defende
O Sócrates e delira.
Será verdade ou mentira
Atira em contramão.
Mais merda no safanão
Da justiça ao informar,
Que o engenheiro ia caçar
Num dia de tormenta…

(III)
O circo está montado
Quem está contra ou a favor…
No país frio clamor
E o Coelho apalermado
Saiu da cova atolado
No que se estava a passar.
Depois de muito pensar
Afinou o vozeirão
E no meio da multidão
´´Não são todos iguais`´ ele berra…

(IV)
Nisso lhe dou razão
Todos iguais, não senhor.
Mas oh senhor doutor
Vai no adro a procissão,
Os desiguais já morreram
Ou então estão afastados,
Sentem-se agoniados
Com este país em trapos.
Deixe lá os artefactos
Ao ajeitar a gravata…






terça-feira, 16 de setembro de 2014

Logo ali… Décimas.

Numa nuvem passageira
Chegou ali o sorriso
Tal como a vez primeira
Muita parra e pouco siso.

Com o que ontem me cruzei
Vejam bem a confusão
Outros tempos, longe vão
Alguns sonhos que guardei.
Nem tudo o que luze é grei
Muito menos agonia
Pode até ser fobia
Ou então dor de barriga.
Assomou-se uma cantiga
Numa nuvem passageira.

Logo ali eu me lembrei
De pedir para cantar
Uma trova de embalar
Noite dentro, mas calei.
Apalermada fiquei
Com a estranha aparição
Dia claro o coração
Do peito quis saltar
Foi um salto até rimar.
Chegou ali o sorriso…

No seu passar emproado
Um tremor deixou escapar
Crua ânsia o enganar
De um olhar enevoado
Ai jesus mas que estouvado
É este estranho rimar.
Maria toca a calar
Não teças sem ter agulhas
Repara no céu as faúlhas
Tal como na vez primeira…

Estranha noite de luar
A catar assombrações
Corujas e alguns pavões
Estranhas estórias de encantar.
Do que eu me fui lembrar
Por entre o sol encoberto
Talvez por estar tão perto
A ladainha teimou
Mas logo ali se assomou
Muita parra e pouco siso…




Por vezes...

O roer e o morder andam paredes meias
O olvido e o sentido, assim como o rugido
São parentes na fonética, tal como sangue nas veias,
 Ninhos de abelhas colmeias se assemelham em estalido.
Por vezes perde o sentido uma melodia airosa
Fica pedante caprichosa, ou então a confusão
Que empurra na ladeira teia inútil e viscosa.
Escorrega, trambolhão!



terça-feira, 1 de abril de 2014

Azia no Luso lait…


Novamente do avesso
No reino da fantasia
Ai jesus o que padeço
Atolada na azia

É assim sempre que entro
 Bota acima e bota abaixo
Há quem ande cabisbaixo
Nos corredores do convento
E então em dias de vento
É um ai que lhe acuda
O melhor é ficar muda
Ou de morta me fazer
Então não querem lá ver
Novamente do avesso

Ele são erros e erros
Numa escrita desalinhada
Ó ( Supremo) quando trava?
Já estou pelos cabelos
Nos poemas era vê-los
A nadar em aselhice
Mas que coisa, que chatice
Com o que está a acontecer
Há poetas a ferver
No reino da fantasia


Eu também, não sou de modas
 Muito menos de compadrio
Anda tudo em redopio
Com a coisa das estatísticas
Até as quadras são tisicas
Outras de cara deslavada
Há ainda a tresloucada
Que no sexo é rainha
De mente escura e fuinha
Ai jesus o que padeço

Com a menina alvoraçada
E os piropos empedernidos
Ele são erros e gemidos
Que tristeza desvairada
Pela gula afiambrada
No elogio mentiroso
Só me Lembra o cão ao osso
O que agora aqui se passa
Reina  a escrita sem graça
Atolada na azia.


quinta-feira, 27 de março de 2014

Plagiar

Agora vou plagiar
Os poetas que sangraram
Poemas de amor a rimar
E a todos encantaram

`` Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que doi e não se sente``
Plagiei Camões alegremente
Resta esperar que venham ler

``Num banco de jardim uma velhinha
Está tão só com a sombrinha``
Que teria o Ary a dizer
Sobre a minha atitude fuinha

`` horas profundas lentas e caladas
Feitas de beijos rubros e ardentes``
Diz-me Florbela musa engalanada
Que pensas do meu ego incontinente

Poderia ficar eternamente
Dando exemplo do copianço
Lamento sinceramente
Que num país de poetas
Outros tantos sem vergonha
Lambuzem de merda luzente
Os olhos da gente que sonha

Aplaudindo de olhar manso.


domingo, 23 de fevereiro de 2014

Na casa do trinta e um

Na casa do trinta e um anda tudo alterado
Emigra ou não emigra, tem valor ou é falsete
Anda tudo revirado, tudo anda ao encontrão
Tudo nega ao olhar que esta vida é um ginete
Hoje estás tu no barco, logo mais estarei eu
Na casa do trinta e um, mas que grande confusão.

Enquanto os  burros zurram…
A caravana adiante trouxe o Relvas à arena

E agora quero ver onde o circo vai parar
Um dia ao acordarmos vai o Tejo a emigrar
Os olhares envinagrados pela inveja ou maledicência
Deviam estar alinhados em combater ignorância
Só assim teremos força  p`ra enxotar esta corja
Que nos colocou de tanga, porque emigra ou não emigra
Devia ser por vontade, não p`la força da pobreza
Para que os nossos governantes nos tirem a tripa do cu
De nós façam chouriços na casa do trinta um.

A caravana se perde em tamanho alvoroço
Os (Relvas) estão de olho. Nas calças o bolso cheio.
É salgado ou mais insosso, é doce ou amargo
Na casa dos trinta e um por dá cá aquela palha
Afunda-se a memória em masmorra com fornalha.





domingo, 2 de fevereiro de 2014

Beijinho



Dá-me um beijinho
 Beijinho repenicado
Dá-me um beijinho
Ou caso está mal parado

Ora já se está a ver
Chegou-me o pelo à venta
Beijar por bem parecer
É coisa que não se aguenta

Mas, nos entretantos
Dá-me um beijinho garina
Ai jesus os solavancos
Subiram por mim acima


Nem queiram saber
Os azeites entupiram
Do dizer ao fazer
Os mosquitos zumbiram

Dá-me um beijinho pariga
Então não querem lá ver
Ai que vai haver briga
Não há nada a fazer

E ainda… dá um beijinho mulher
Agora é que foi, ouve lá ó couve roxa
Por acaso está a parecer
Que tenho cara trouxa

O meu verso nasceu assim
Ao lembrar nem sei o quê
Anoiteceu e dou por mim
A questionar o porquê

De beijar ao deus dará 
Ora aqui ora acolá
Que vida é que isso trás
Se sabe diga-me lá.