sábado, 22 de outubro de 2011

E a chuva

Um bom dia p`ra todos
Deste cantinho ensolarado
O verão está de loucos
Não quer deixar o montado

Os sobreiros a carpir
Aliados às oliveiras
Gritam p´ra o tempo ouvir
Manda chuva, as primeiras

Mas o tempo que está surdo
De gritos não quer saber
Não responde está mudo
Parece que não vai chover

Isto está tudo trocado
É como dizia o Bandarra
Neste século enviesado
Nada escapa à desgarra

As maleitas que se achegam
A falta de chuva é sinal
Que até as nuvens enjeitam
O que vai em Portugal

O que vai em Portugal
Triste fado de uma nação
Tudo está tão mal
Que o tempo já nega o pão

Outrora nos embaraços
O povo em união
Aos céus elevava braços
Rezando na procissão

Mas são outras as gentes
Não vão mais em novenas
Será que restam pingentes
Mendigando por vintenas

Mendigando por vintavo
Que nada é afinal
Ó gente até é pecado
Suspeitar de Portugal


Ó povo que estás dormindo
Um dia acordarás
O tempo espera sofrido
Pois sabe o que serás

Se tardares em acordar
À sorte não deitares mão
Escapará o vislumbrar
Que faça a revolução

De mentes e incentivos
Grita a terra povo cego
Para continuarem vivos
Tem que abrir o rego

E fazer a sementeira
Até das mãos jorrar sangue
Enterrem lá a cegueira
E a chuva talvez se achegue.







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