No diz, que diz a palavra
Se perde da utilidade
A de ser charrua que lavra
A terra da pura verdade
A terra da pura verdade
Quantos a querem esconder
Esquecendo que é da vontade
Que um dia se há-de erguer
Que um dia se há-de erguer
A enxada que abre buraco
Fazendo ermos mover
Com a terra cavada um naco
Com a terra cavada um naco
De bom senso, sabedoria
É tão fácil abrir espaço
Por entre falsa ventania
Por entre falsa ventania
Meio mundo se perde contudo
Esquecendo que o novo dia
Requer algum conteúdo
Requer algum conteúdo
Nos passos que der de seguida
Nem sempre o poeta é sortudo
Escreve com pena erguida
Escreve com pena erguida
Na constatação do alarde
E as palavras de fugida
Se afogam p`ra sempre em vaidade.
Se afogam p`ra sempre em vaidade
Num lago de parcas águas
No fundo tem ansiedade
No meio algumas nódoas
No meio algumas nódoas
Que são de pó amarelo
Palavras nem sempre cómodas
Em versos fugindo ao belo
Em versos fugindo ao belo
A ladainha termina
Hoje estou como o Felisbelo
Sinto-me um tanto fuinha.
Adeus até ao meu regresso
Na volta a ladainha
No rabo de fora de um verso.
Poeta maldito (pseudónimo de Antonia Ruivo.
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